sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Minha viagem do findi - Berlim



Me deu vontade de contar um capítulo da minha história hoje...


Não costumo colocar muitas coisas pessoais no meu blog, mas quando estava olhando as fotos de um apartamento de Berlim no blog Casa de Valentina, me veio a cabeça uma parte da minha vida, que foi vivida com toda intensidade, e que hoje vive numa gaveta da minha memória...e talvez na memória do meu noivo alemão...

Quando fiz estágio na Alemanha, morei com um Biólogo mergulhador, que fazia pesquisas no mar do Báltico e ele me apresentou seu amigo de "research", pelo qual me apaixonei instantânea e profundamente!


Era uma paixão linda e sem medidas(ou na medida dos que já moraram no exterior e sabem o quão fácil nos apegamos a pessoas que temos algo em comum quando estamos longe da família e amigos).Pra ter uma idéia, uns dias depois de nos conhecermos ele teve que viajar a serviço, e eu tive febre do momento que ele me deixou até o momento que ele voltou...não foi a toa que noivamos uma semana depois de nos conhecermos! (Noivado lindo!Nus na cama tomando champanhe às 6 horas da manhã)


Bem, mas onde quero chegar é na nossa viagem juntos a Berlim.Ele me levou para viajar e conheci o lugar onde ele dava guarda no dia da queda do muro de Berlim...foi nosso primeiro atrito.O muro!Foi também o meu primeiro choque!O de ouvir que pra ele, era melhor a época das Alemanhas separadas, que ele faria o que o governo mandasse e que o governo sabia o que era melhor pra ele...


Apaixonada daquele jeito, os detalhes de culturas diferentes não faziam a menor diferença pra mim naquele momento.


Foram dias de uma névoa mágica, que me fez esquecer o nome dos lugares que fui, das pessoas que conheci, mas jamais vou esquecer do que senti!Do que experimentei!


Berlim é uma cidade muito grande, muito linda, e se preparava para ser a capital do mundo!Era o maior canteiro de obra de todos!


Naquele momento eu me ví sendo vítima do meu relógio biológico, que me avisava que era hora de ter filhos, de casar...até então eu achava que isso era lenda!


Fui aos maiores museus de arte moderna e história, e cruzei muitas vezes pelos corredores com grupos de crianças de 6 ou 7 anos, que faziam estudos dirigidos com as professoras...e pensei que era uma educação assim que sonhei para os meus filhos (aqueles que até ali nunca tinha sonhado ter! )


As esculturas de Rodin me fizeram chorar várias vezes...pela intensidade, pela paixão!Eram os meus olhos que estavam contaminados do amor e minha resitência à emoção andava a zero.Me permiti sentir tudo que viesse, fosse o que fosse.


Dormimos na casa de amigos, piso de madeira, janelas grandes, pés direito altos, paredes brancas, espaços vazios e jantares especiais pela comemoração do dia de São Nicolau com direito a presente e tudo. Naquela noite muito fria, olhando pelas janelas sem cortina via galhos de árvores sem folhas sofrendo na chuva e na neve lá fora. Observei o céu por longos momentos e debaixo das cobertas, quentinhas pela calefação e pelo vinho que tomamos antes, desejei pela primeira vez na minha vida fazer um filho, e fiz( mesmo não concebido, nunca foi tão desejado).


Era o que eu queria contar e nem sei bem porquê...
Aquele inverno um dia acabou...
O noivado se defez...
O noivo e eu acabamos vendo nossas diferenças...e as nossas afinidades já não eram suficientes para nos fazer ficar longe dos nossos países...
E a vida tomou seu rumo....
Paixão é assim, vem numa explosão e vai embora noutra!



5 comentários:

O Profeta disse...

Troquei as voltas a um Golfinho feliz
Afagei a cria de uma Baleia azul
Confundi uma nuvem com ilha encantada
Perdi-me na rota entre o Norte e o Sul

Aprisionei o olhar de uma gaivota
Enchi a alma com penas de imensa leveza
Enchi o coração de doce maresia
Adormeci nos braços da incerteza

Vem viajar comigo no meu barco de papel


Bom domingo

Doce beijo

Patricia Villeroy disse...

Muito legal teu blog.Sou sua seguidora.Obrigada por sua visita.bjs

Sara disse...

Linda história, Sil!
Apesar de tudo, é mto bom estar apaixonada e se permitir viver emoções... se deixar levar...
Não dá pra levar a vida toda na racionalidade, certo? ;)
Beijocas!

Lucila Zahran Turqueto disse...

Adorei! Me vi em várias linhas do texto. Coisas que só a distância, aquela sensação de liberdade e uma paixão arrebatadora nos permitem. bjs

Srta.Formiga disse...

Voar, viajar(pode ser até no barquinho de papel), sonhar...é sempre bom!Basta a se gnt permitir!